20 setembro, 2006

CINEMA NA ESCOLA

"No escurinho do cinema, chupando drops de aniz. Longe de qualquer problema, perto de um final feliz..." (Rita Lee)


Esse Blog tem como objetivo agregar duas artes: Literatura e filme no ensino de Língua Portuguesa para estudantes do Ensino Médio. Convido todos para interagir, sugerindo propostas pedagógicas que poderão contribuir para produções de filmes acadêmicos a partir de indicações de um cânone da Literatura Brasileira, como também músicas, cenários e roteiros.

Participem!

CINEMA NA ESCOLA: RELATO DAS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS

"No escurinho do cinema chupando drops de aniz. Longe de qualquer problema, perto de um final feliz..." (Rita Lee)


APLICANDO O PLANO DE AULA


O plano de aula (já disponibilizado nesse blog) foi efetuado no noturno com a turma 2N8 da Escola Técnica Estadual Newton Sucupira, no período de 28/08 a 19/09/06, que fica assim detalhado:
28/08 – a aula teve o objetivo de fazer um levantamento de conhecimentos prévios sobre a prosa literária do Romantismo brasileiro atendendo os seguintes itens: origem, influencias iniciais, características, grandes linhas do romance, autores e títulos do romance.
29/08 (aula conjugada) – a aula foi direcionada para o tema especifico: filme. Minha intenção foi fazer com que eles começassem a perceber o que precisa para produzir um filme, como também o que é e quais os tipos. Para tal, lemos o texto: “Brasil, Cinema & Cineclubismo” de João Barcelos que deu suporte para a nossa discussão.
31/08 – a aula ficou dividida em dois momentos: primeiro, fizemos a leitura do texto “a câmera da galhofa” de Cleber Eduardo que teve duração de 15 minutos e foi essencial, pois perceberam que um livro literário pode ser transformado em filme. Com esse respaldo e 35 minutos restantes, anunciei que eles iriam produzir um filme baseado na obra de Bernardo Guimarães “O Seminarista” e dei as orientações para elaboração e execução. Ficaram inquietos e com a sensação de que era um grande projeto para o noturno e que não teriam condições de produzir um trabalho como este.
04/09 – apesar da resistência, consegui dividir as equipes que são as seguintes: roteiristas, cenografia, figurinista, tesouraria, sonoplastia, marketing e patrocinadores, elenco e direção.
05 a 14/09 – ensaios e organização. Engraçado que a cada dia que passava, a angustia para eles aumentavam. Por isso, antes de ensaiarem ou resolver problemas ligados ao projeto, levava sempre textos de motivação.
17/09 (domingo) – finalmente, foram filmar numa chácara em Simões Filho.
18/09 – relatos da turma sobre a produção. Alguns depoimentos transcritos, a seguir:

“Somos estudantes do noturno, por estudar e trabalhar, tudo fica difícil. A professora Ezenete passou um filme. Com o jeitinho dela, nos convenceu fazer o trabalho. Me empolguei, mas depois que eu vi que o trabalho era grande, desisti. Dei a volta por cima e vi que eu era capaz de fazer esse trabalho que era grande e se tornou pequeno em minhas mãos. Fiz o filme, gostei, aprendi que vida de ator é muito estressante, piorou a de roteirista, direção e narradora. Pude conhecer a vida de cada personagem e melhor ainda uma época que não vivi, mas conheci com esse projeto.” Cristiane da Silva Pereira.

“A oportunidade que a professora Ezenete nos deu, foi o máximo porque criou um vinculo mais forte entre os alunos, mostrando que a união faz a força e me fez gostar mais de literatura.” Evânia Pereira de Araújo.

“Aquele domingo ficou marcado para sempre em minha vida. Eu gostei muito e faria tudo de novo. Fortaleceu a união da galera. Amei representar os personagens do Seminarista. O meu, por exemplo, Sr. Antunes, gostei demais, pois ele parece muito comigo. Agradeço a professora Ezenete por tudo isso. Obrigado!” Dilman Pereira de Jesus.

“Foi legal fazer o filme. Aprendi a comunicar com outras pessoas. Hoje, eu me sinto útil e orgulhosa em dizer que fiz um filme, que tive esse privilégio. A direção de Ezenete, grande profissional, foi essencial, pois ela nos deu apoio e mostrou que somos capazes. Quando sair daqui da escola, vou ter orgulho de dizer que foi aluna de ezenete.” Daiana Freitas.

“Fazer o filme para mim foi uma ótima experiência, pois aprendi a me dedicar mais com relação aos textos que leio para saber me explicar com as pessoas. Sem falar que dói um ótimo dia, o dia da gravação.” Denis da Silva Macedo.

“Foi muito legal porque com o filme, eu aprendi que com união, determinação e persistência podemos alcançar muitos objetivos e também gostei porque eu vivi uma nova experiência que eu imaginei que não iria dar certo, mas que no final, eu vi que muitas coisas são possíveis quando nós queremos de verdade.” Edílson Santos Pereira.

“Eu aprendi muitas coisas porque os colegas se reuniram para fazer a nossa filmagem 'O Seminarista'e foi muito legal. Aprendi o que é um trabalho de filmagem em equipe e foi maravilhoso. Fiquei muito alegre de ter participado desse trabalho que foi uma maravilha. Obrigado, Ezenete!” Eduardo Santos da Silva.

“Foi legal de fazer o filme pelo fato de ser minha primeira experiência. A classe passou a se comunicar melhor um com o outro, serviu de aproximação. Foi um desafio feito para os alunos e conseguimos.” Carlos Augusto de A Barbosa.


19/09 (aulas conjugadas) – “no escurinho do cinema” assistimos ao filme. Aqui, sentir-me orgulhosa por ser professora, pois os vi maravilhados, encantados sem aquela sensação que os dominavam: incapacidade para produzir um grande projeto.

Os resultados foram os mais positivos possíveis por alguns motivos que tentarei evidenciar: primeiro, a turma criou vínculos de ajuda, compreensão e união, características essenciais para trabalho em grupo. Segundo, eles tiveram a oportunidade de sair da teoria para a prática, pois vivenciaram uma época, uma linguagem, uma história. Terceiro e último que não deixa de fazer uma simbiose com os dois anteriores, perceberam que podem ser autores de sua própria trajetória acadêmica.
A todos vocês, queridos alunos da turma 2N8, parabéns e fica o filme como registro para que todos aqueles que tiverem acesso a esse relato, vejam quão brilhantes e vitoriosos vocês foram.

Ezenete Santos.

CINEMA NA ESCOLA: GUIA PARA O PROFESSOR

"No escurinho do cinema, chupando drops de anis. Longe de qualquer problema, perto de um final feliz..." (Rita Lee)
Professor, aqui você encontrará um modelo de plano de aula para produção de um filme literário com seus alunos.
PLANO DE AULA
Objetivos: Produzir um filme a partir de um cânone da Literatura Brasileira.
Público: Estudantes do 2º ano do Ensino Médio.
Procedimentos:
1. Levantar conhecimentos prévios sobre: Escola Literária da primeira metade do sécudo XIX: Romantismo e produção de filme (o que é, quais os tipos de filmes levantados por eles e o que precisa para se produzir um)
2. Aula sobre prosa romântica.
3. Produção de um filme literário.
Duração: treze aulas de 50 minutos.
Material: transparências sobre Romantismo; xerox do texto “Brasil, cinema e cineclubismo” de João Barcelos, xerox do texto “A câmera da galhofa” de Cleber Eduardo e livro “O Seminarista” de Bernardo Guimarães.

AULAS
· Conhecimentos prévios
AULA 01
: Sobre produção literária do Romantismo brasileiro: prosa.
a) O que foi?; origem; influências iniciais; características da prosa romântica; as grandes linhas do romance romântico; autores e títulos que compõem a prosa romântica brasileira (visão geral); Bernardo Guimarães: vida e obras; O Seminarista (visão geral).

AULA 02: O que é filme, como surgiu e tipos de filmes. Exemplo a partir da leitura do texto: Brasil, cinema & cineclubismo (João Barcelos)

1. Espaço aberto para discussão sobre o texto.
2. Catalogar com os alunos o que precisa para produzir um filme.

· Produção de um filme literário
AULA 3: Como produzir um filme.
a) Leitura do texto “a câmera da galhofa” de Cleber Eduardo (15 minutos)
b) Orientações para elaboração e execução do filme baseado na obra de Bernardo Guimarães. (35 minutos)
Passos:
1. Providenciar a leitura do livro.
2. Marcar a reunião para definir a estrutura do filme.
3. Marcar a reunião para divisão das equipes de trabalho: roteiristas, cenografia, figurinista, tesouraria, sonoplastia, marketing e patrocinadores, elenco e direção.
Aqui, já tem a necessidade de providenciar uma pessoa para filmar e o valor das despesas gasta para produção (cenário, figurino e a filmagem).
4. Marcar reunião para ensaiar o filme. A participação de todos nos ensaios é imprescindível.
5. Marcar para filmar.
6. Todos prontos, hora de filmar a produção de vocês. Lembrem-se: Fazer com seriedade é a melhor maneira de ter o sucesso de tanto trabalho.

· Execução
AULA 4
: Produção do filme.
a) Divisão das equipes (roteiristas, cenografia, figurinista, tesouraria, sonoplastia, marketing e patrocinadores, elenco e direção).

AULA 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11: Equipes trabalhando, ensaios e ajustes
AULA 12: Relatos dos alunos sobre a filmagem. Reservar a sala de vídeo para assistir a produção.

· No escurinho do cinema: Exibição.
AULA 13: No escurinho do cinema. Hora de assistir o filme produzido por eles.